A instrumentalização financeira do espaço: Fundos de investimento imobiliário como estruturas de capital fixo

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Resumen

Na atual conjuntura de dominância financeira sobre os processos produtivos, o crescimento e a consolidação dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) na Região Metropolitana de São Paulo designam-se como um modelo cada vez mais relevante de instrumentalização do espaço urbano e, por conseguinte, de constituição de um regime específico de propriedade do capital cuja centralidade reside no juro e na renda. À vista disso, o presente trabalho demonstra como o desenvolvimento do instrumento repercutiu sobre a região metropolitana de São Paulo a partir da crise financeira mundial de 2008. Ademais, qualificou-se o FII como uma grande estrutura de capital fixo do tipo autônomo que, à luz e determinação das finanças, engendra mecanismos complexos de apropriação e reprodução do capital através do espaço urbano. A metodologia empregada, de natureza qualitativa, demonstra empiricamente o processo de expansão do FII sobre a metrópole, sendo posteriormente articulada ao debate teórico. O trabalho conclui que o entrelaçamento imobiliário-financeiro, viável através de instrumentos sofisticados, contorna as barreiras historicamente presentes no setor imobiliário, tomando-o como um grande vetor de expansão do capital financeiro.

Palabras clave:

capital fictício, capital fixo, financeirização, fundo de investimento imobiliário

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